O conceito de ultra maratonas de BTT em Portugal conta, entre outros, como fundadores, a empresa Trilhos Vivos, a organizar actualmente um campeonato, o Ultra Series.
Corria o ano de 2008, quando aqueles amantes da modalidade decidiram colocar os participantes BeTeTistas a testarem os seus limites físicos e psicológicos, numa extensão de 160 km ao rolar pelos caminhos alentejanos em redor de Serpa.
Desde então, esta prova foi ganhando um estatuto especial no panorama do BTT em Portugal, fruto também da participação de atletas de nomeada, mas também pela participação de inúmeros atletas amadores que ali vão para superar os seus limites.
Acredito que não haverá um único betetista em Portugal que não gostasse de iniciar e terminar este grande desafio.
Em 2011, o SRP160 fez parte do meu calendário, mas como não tinha companhia para pedalar, adiei a participação.
Achei que este ano não poderia faltar, e a solo, como já vem sendo hábito, decidi assumir a grande aventura alentejana.
E passadas já que foram algumas horas, apenas posso dizer que foi uma aventura absolutamente inesquecível!
Primeiro pela vertente turística da questão, pois pude ir logo pela manhã na véspera do evento, para poder ter um resto de dia tranquilo. O lugar escolhido para jantar, (muito bem!), e pernoitar acabou por ser Pias, a cerca de 15 km de Serpa.
Depois, ao assumir o risco de iniciar uma prova desta envergadura, sem ter feito qualquer plano de treino especifico, apenas com uma enorme vontade de chegar ao fim, acabou por ser uma jogada muito arriscada que felizmente terminou bem.
Acabou por ser um longo exercício de 10 horas e 7 minutos em cima da bicicleta, (!!!) em condições meteorológicas que não ajudaram muito, com alguma chuva logo após a partida, sempre a fazer muito frio, e MUITO vento contra nos 40 km finais.
Contando com a preciosa ajuda da minha “directora desportiva” 😉 , e respectivo carro de apoio, que guiado pelo GPS do Nokia 500, conseguiu estar sempre presente em todas as ZA’s (cinco!) para providenciar aquela ajuda essencial, nas alturas em que um ciclista solitário que percorre aqueles intermináveis montes alentejanos mais necessita.
Pude por exemplo mudar de roupa, tirando a que estava encharcada pela chuva e transpiração, para uma seca e quente, o que deu logo uma sensação de conforto enorme…para enfrentar os 60 km que faltavam. Pude comer umas empadas de carne deliciosas, que não estavam disponíveis para mais ninguém… Pude tomar uns drunfos para tentar aliviar as fortes dores que já trazia nos pulsos… enfim serviço VIP mesmo!
Quanto aos longos 160 km, convém reportar aqui que a dureza reside essencialmente na distância, agravada ou não pelas condições climatéricas. Não deixa de ser um acumulado razoável, mas que é diluído pelos longos 160 km. A organização anunciava mais de 3 mil, mas nestas coisas de altimetria as coisas variam bastante… Mas o percurso é bem rolante e ciclável.
Fui falando durante todo o percurso com vários atletas ou incentivando, ora sendo incentivado, o que ajudou a passar a distância.
Tem uma já mítica passagem num single track brutal junto ao Guadiana, que este ano estava muito pouco ciclável, devido à lama, e conta com passagens por sítios de rara beleza, pois nesta altura do ano o Alentejo, está com uns tons de verde, verdadeiramente espectaculares.
Inesquecível é também a passagem pelas minas desactivadas de S. Domingos. Como curiosidade fica o facto de esta ter sido a primeira localidade de Portugal a ter fornecimento de energia eléctrica, e a primeira linha de comboio também se iniciou ali. Foto acima e muitas em http://www.btt-tv.com/.
Acho que a gestão da alimentação e do esforço durante a prova é fundamental para se conseguir manter o ritmo que cada um consegue dar. No meu modesto registo, para variar, só consegui andar 16 km por hora…
Classificação AQUI!
Convém referir aqui que o vencedor da prova foi o Vitor Gamito com um registo extra terrestre de 6 horas e 29 minutos. (!!!)
A organização, faz um excelente trabalho na minha modesta opinião. Fazer a escolha e marcação de um percurso de 160 km no meio daquela imensidão de terra deve dar muito trabalho. E foi feito de forma exemplar! Positivo ainda a eficiência do secretariado, toda a informação disponibilizada, a simpatia dos colaboradores dos Trilhos Vivos, o lubrificante para a corrente em todas as ZA’s, ainda tive agua morna para tomar banho, e até o “lanche” me soube bem, pois foi um “mix” de bacalhau espiritual e migas com entrecosto, que estava bem confeccionado. Negativo, é o preço a pagar por tudo isto, mas é uma vez na vida, e fica sempre bem dizer: – “Já fiz o Serpa 160….!”
E não adianta prosar muito mais!
O meu registo
O percurso no (***)
(***) este percurso anda muitos km em propriedades privadas abertas só para a realização do evento.
E…, já me esquecia: – Já fiz e terminei o Serpa 160!!! 😉
17/04/2012 às 12:42
parabéns pela conquista, sei o k sentes pois o ano passado passei por essa sensação. mais coragem tiveste tu, por teres ido só, é sem dúvida relevante. Só nós sabemos porque não ficamos em casa zé…abraço Tojo
17/04/2012 às 16:02
Obrigado pelo comentário!
Douro Bike Race, vai ser a próxima (grande) maluqueira…
Abraço!
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